Literatura Fantástica



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    [ita] uruboy

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    Mensagem por itacir Seg Nov 14, 2011 4:03 pm

    [ita] uruboy Uruboy

    Hoje sonhei com um campo de papoulas.

    ____E eu andava a cavalo.
    ____Eram flores muito bonitas. De várias cores. Parece que outras dimensões de beleza, pelas pétalas, nos beliscam.
    A planta tem quase um metro, é meio feia. A folhas lembram as de um dente­de­leão.
    Mas a flor... Que flor!

    Estas dos meus sonhos eram mais lindas ainda.
    Eram de carne. Quando ainda botão eram de frango. Conforme iam ficando maduras os tons de vermelho chegavam. No auge, quando estava a flor bem querendo um abraço, a cor lembra o gosto de quando se beija, bem firme e vivo.
    E meu cavalo era rápido, a crina pareciam bandeiras de sinalização. Ele entendia os caminhos, conversávamos bem. Eu cuidava das sombras, das estratégias. Ele, de chegar.

    ____As sombras...
    ____Eram urubus voando alto. Não urubus quaisquer. Num outro país ancestral usavam para transporte. Foram selecionando até chegar a estes dragões enormes. Alguns conseguiram fugir, os mais fortes conseguiram atravessar o oceano.
    ____Eles não se reproduzem mais em cativeiro, devem saber o que espera pelos seus filhotes. Em nenhum parque de todo o globo, como se tivessem feito um pacto secreto telepático.
    Não dá pra capturar os ovos. Eles montam guarda. Impossível vencê­los.
    Os velhos, que se retiram do bando para morrer, ficam dóceis. Vários hoje estão nas cidades, mesmo fracos conseguem levar várias crianças na garupa. É pra isso que servem, são brinquedo.
    Decerto gostam, comem bem, dormem bem, e ainda se divertem. Quem não gosta de levar
    pequenos pra passear! Subir bem alto, atravessar algumas nuvens. São vovôs 747.

    ____Mas esses são velhos, não aguentam peso. Nem podem ser usados.
    ____Algo engraçado, aqui eles tem alguns poucos ninhos, centenas de fêmeas chocam ovos. São em lugares distantes, difíceis e muito bem guardados. Quando um bando se forma, tipicamente com uns 15, eles saem da região do ninho, as vezes vão para o outro lado do continente, noutras descem as montanhas. Quando o bando volta; as fêmeas chocam alguns ovos, os machos organizam outro bando e já partem.
    No outro lado do oceano eles são bem menos gregários, vivem como os ursos.


    ____Nessas enormes plantações de papoula eles se alimentam. E é aqui que os caçamos. Num bando sempre tem um neófito, mais despreparado, que comete mais erros. Procuramos os que tem um terço do tamanho de um adulto, são bem novos e fracos. Menores do que estes ainda são relutantes demais para o adestramento, como todo pré­adolescente. Como entraram a pouco pro bando são menos considerados, enquanto dormem os outros não montam guarda. Ainda tem que provar sua coragem ao bando pra serem aceitos, deliberadamente o resto do bando os colocam em perigo.
    E o perigo somo nós.

    ____É uma guerra muito tensa, parece que os dentes da terra estão grilhando. Cada passo é muito
    pesado, é muito força em cada detalhe.
    Em um ano conseguimos uns quatro. É uma boa média. Pra conseguimos viver disso precisamos de um por semestre.
    Quer dizer, viver bem. Imaginando que quando ficarmos velhos não poderemos fazer isso, estaremos cansados e fracos, viajaremos pra alguma cidade e brincaremos com as crianças dos outros. Tem algumas equipe com médias bem menores, mas estes estão apenas sobrevivendo. Tem alguns cabeças, o resto são vagabundos e aventureiros trabalhando pela comida, pra ter onde cair se morrer agora. Pra estes a caçada é apenas uma forma de fugir das agoniantes cidades.


    ____Meu avô era um autêntico caçador. Numa época muito feliz ele conseguiu oito num semestre, depois diminuiu, formou uma família. Nunca parou de caçar, não precisava disso, fazia porque não conseguia ser apenas um cidadão. Ser um uruboy é para sempre. Meu pai foi um ser normal. Frustrado e normal, culpou a ausência do pai por tudo. Acho que ainda mora com a mãe.


    ____Uma vez encontrei meu avô.
    ____Atravessamos o caminho de um bando de urubus. Víamos muitos, contamos uns 40. A maioria era pequeno, isso é muito incomum. Urutéia gigante e só de jovens, pensamos que estávamos vendo a formação de um novo ninho.
    Víamos alguns maiores no meio, pareciam brigar com os outros, levavam alguns ao solo. Não deixavam nenhum comer, espantavam em rasantes. Estes maiores tinham ?coleiras?, o lado de trás se estendiam em língua até a altura das asas.
    ____Seguimos vendo isso da manhã até o meio da tarde.
    Cheguei numa baixada que as papoulas estavam muito batidas, muitas ainda sangravam. Mais a frente vi um urubu amarrado ao chão, um dos nossos já estava lá. Tinha descido do cavalo e começado um fogo pra sinalizar para todos voltarem. Disse que mais a frente tinha outros dois, e que tinha passado por outro no caminho. Logo outros chegaram, o chefe também.
    ____De repete um rasante em nós. Sobrevoou, urubusservou. Tinha a coleira. Mergulhou e pousou. Alguns tiveram tempo de se amoitar, outros ainda estavam subindo no cavalo. Era um alforge, não uma coleira. De dentro alguém desabotoava e abria as dobras. Um homenzinho desceu pelo suspensório do urubu:
    ____-Não os soltem. - Gritou já no chão.- Nem os machuquem.

    ____De dentro do alforge outro lhe jogava redes e cordas. Logo também desceu. Eram baixos, não passavam de um metro e meio. Muito magros e ágeis, antes que o primeiro de nós chegasse junto um urubu já estava com as asas trançadas à terra. Sem dar nenhuma explicação continuaram, sem pedir nenhuma explicação olhávamos. Logo o urubu estava pronto, indefeso e acolhido em sua cela. Se penduraram no arreio do urubu adestrado em que vieram, deram uns puxões e tapas e o pássaro voou para perto, para os outros amarrado logo depois.

    ____Voltaram, trocaram poucas palavras com quem estava mais perto e se foram. Depois recuamos e fomos embora.
    A caçada deles era outra, buscavam urubus gigantes. Estava assolando este bando há muito tempo, o chefe prendera todos os outros adultos.
    ____De longe, quase já virando a colina, vi um enorme urubu grisalho descendo, várias vezes maior que um adulto. Vários de coleira estava em seu encalço. No chão outros uruboys lançavam cordas e corriam em seus cavalos. Ali reconheci meu avô, corria num cavalo de seis patas atrás do seu moby dick.
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    Mensagem por itacir Seg Nov 14, 2011 4:12 pm

    É um texto antigo. Achei fuçado nos arquivos.

    Tem muito desse folclore:
    .
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    Mensagem por itacir Ter Nov 15, 2011 1:39 pm

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