Literatura Fantástica



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    [Elton das Neves, Anjo das Letras] A Malévola: A Viagem (Contos de Salém).

    Elton das Neves
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    Mensagem por Elton das Neves Qui Abr 15, 2010 9:46 pm

    A MALÉVOLA (PARTE I): A VIAGEM! (CONTOS DE SALÉM).





    Era o meu primeiro dia de aula na nova escola, eu não passava de um recém chegado na pequena cidade litorânea de Salém, e o Dante Alighieri um dos dois únicos colégios daquelas redondezas, tinha toda uma tradição histórica entre as inúmeras gerações de cidadãos salesianos que o tinham freqüentado em décadas passadas.



    Eu estava para concluir o segundo colegial, vinha de uma cidade grande como Santos e me era difícil ainda acostumar-me com a pequenez daquela cidadezinha pacata do litoral sul da baixada santista.



    De quando em quando, meus pensamentos voavam para amigos que havia deixado para trás, assim como meu antigo colégio que tanto estimava e minha ex-namorada que eu ainda amava e com a qual fora forçado a romper, por causa daquela inesperada mudança não só de cidade como de situação de vida.



    Eu morava com meus pais no bairro nobre do Gonzaga, sendo filho único tudo me era dedicado com amor e carinho por eles, éramos uma família feliz, pois a harmonia reinava em nossos corações e no afortunado lar á qual fazíamos parte, até que em um funesto dia a tragédia nos visitou de forma inesperada.



    Até hoje tudo me é muito confuso sobre os acontecimentos daquela tarde de dor trágica para mim e toda a minha família. Nós viajávamos em um fim de semana, deixando o litoral santista para subirmos a serra na direção da capital paulistana, a cidade de São Paulo.



    O trânsito ia bem devagar pela pista da Imigrantes por um bom trecho como era normal em uma situação daquelas, haja vista que em um final de semana, o trafego de carros é sempre enorme naquela estrada que parece, fora esculpida no corpo da serra antes onde outrora subiram e desceram os bandeirantes desbravadores.



    Lembro-me que fazia frio naquela rígida tarde de inverno, estávamos no inicio do mês de julho, uma espessa névoa começou a se formar no ar envolvendo não só o nosso veículo, mas todos os que estavam a nossa volta.



    Aquele fog nebuloso nos acompanhou por um longo tempo, aos poucos o trafego foi diminuindo, em dado momento para a nossa surpresa o nosso carro rodava solitário pela rodovia Imigrantes.



    Meu pai preocupado com a pouca visibilidade a nossa frente, dirigia devagar o automóvel, o pára-brisas pouco ajudava com seus movimentos laterais retirando as gotículas que ficavam no vidro frontal do veículo e que eram formadas por aquele sinistro nevoeiro que praticamente se formara subitamente do nada.



    Em um determinado ponto da pista aconteceu algo que tenho certeza fora determinante para os terríveis fatos que assolaram a minha vida familiar naquela fria e nevoenta tarde de inverno.



    Apesar de não ter ainda absoluta certeza disso, porque de forma inexplicável, muitas informações do que ocorrera fora apagada de minha mente, mas até hoje, algo dentro de mim me faz pensar desta forma, e cada vez ao refletir sobre isso, mas convicto fico que o ocorrido a seguir selaria sinistramente o nosso destino.



    Continua...



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    [Elton das Neves, Anjo das Letras] A Malévola: A Viagem (Contos de Salém). Empty A MALÉVOLA- II PARTE- A MUDANÇA FORÇADA!!!- CONTOS DE SALÉM.

    Mensagem por Elton das Neves Sex Abr 16, 2010 4:54 pm

    Bem a nossa frente, envolta em um manto branco de névoa, nos apareceu um intrigante e misterioso personagem, uma mulher trajando um longo vestido de cor tão alva quanto aquele fog da Serra do Mar que a envolvia.



    Lembro-me vagamente que um sinistro arrepio transpassou minha coluna vertebral ao deparar-me com aquela sombria visão.



    Seus cabelos negros caiam-lhe aos ombros, e esses poucos detalhes são os únicos que me lembro, pois mais que me esforce, não consigo recordar-me da feição de seu rosto, como se a memória dele estivesse presa em algum lugar na região das lembranças em meu cérebro.



    Ainda nas sombras das minhas memórias daquela funesta tarde fria de julho, recordo-me que meus pais intrigados com a figura misteriosa e solitária daquela mulher vagando no alto da rodovia Imigrantes, resolveram parar com o propósito de perguntar-lhe se precisava de auxílio, eles deveriam ter achado que o carro dela teria quebrado próximo do ponto da pista em que estávamos trafegando naquele momento.



    Então para minha grande dor e frustração, a única coisa que ficou guardada em minha mente daqueles últimos momentos que se seguiram, foi ver um rápido dialogo entre minha mãe e a tal mulher de branco pela janela do nosso carro que tivera o seu vidro abaixado.



    Curvada do lado de fora sob a janela do passageiro do veículo estacionado em meio aquele denso nevoeiro, aquela tétrica personagem parecendo vir de um filme de horror, depois de ter encerrado aquela curta conversa com sua interlocutora, se vira para a porta de trás do carro para poder então adentra-lo, eu me afasto para o lado para dar-lhe espaço no banco traseiro onde estava acomodado.



    Então como já dissera antes, essas cenas nebulosas são as únicas que ficaram em minha cabeça, antes de tudo inexplicavelmente se apagar a minha volta.



    Então quando consigo despertar daquilo que parece ter sido um profundo sono, me vejo de forma surpreendente em uma cama de hospital, tendo a minha frente um inspetor de policia pronto para me clivar de inúmeras perguntas, antes de me informar que meus pais haviam sido mortos de forma atroz, pois foram encontrados em seus respectivos lugares dentro do carro em que estávamos, com seus pescoços rasgados.



    Apesar do choque, eu não pude explicar o que tinha ocorrido com eles, só pude relatar os poucos flashs das lembranças que conseguiram ainda ficarem retidas em minha comprometida memória.



    Apesar de ter-lhes falado da mulher, a policia disse-me não ter encontrado carro algum que tivesse sido danificado nas proximidades da rodovia daquele ponto em que fomos achados por eles, e muito menos havia sinais de que alguma pessoa estranha havia estado no interior do veículo conosco, ao menos foi o que a perícia da policia cientifica havia apurado.



    Apesar dos acontecimentos que nos mostravam o quadro de um crime hediondo, a policia não tinha nada á fazer para poderem ter a mínima idéia de quem tivesse cometido tal atrocidade á meus pais, não havia marcas de digitais em nenhum centímetro do interior do volvo prateado de meu genitor, em seus corpos exumados também não havia vestígios que pudesse fazer com que chegassem a presumir o que ou quem teria sido o autor de seus respectivos assassinatos.



    A única coisa que tinham era a palavra de um garoto de dezoito anos desmemoriado sobre uma mulher vestida de branco, onde não havia sinais claros nenhum de sua existência ou que tinha estado no interior de nosso veículo tornando-se assim nossa passageira de ultima hora.



    Assim por faltas de provas o caso foi tido como encerrado, numa só palavra, arquivado sem dó ou piedade.



    Em relação ao meu futuro dali por diante, nesta nova condição de órfão de pai e mãe que me encontrava, ficou decidido que eu iria morar em Salém com um casal de tios meus, ele irmão de meu falecido pai, chamado Fernando, ela atendia pelo nome de Rosalinda.



    Estes meus tios não puderam ter filhos em suas vidas, então apesar dos últimos acontecimentos de aspecto trágico e pelo fato de ser eu seu sobrinho, ficaram felizes em poderem ficar comigo, e darem seqüência em minha formação e educação, já que isso fora negado pela vida á meus pais fazerem.



    Após um período de três meses afastado da escola e de uma vida social normal, devido ao trauma a que fui acometido pela perda trágica e de forma hedionda dos meus pais, foi necessário segundo recomendações médicas, que eu aos poucos fosse retomando a normalidade das minhas atividades do dia á dia.



    Após doze semanas sem sair das dependências da casa dos meus tios, praticamente só vendo as ruas de Salém no dia em que vim em mudança forçada para cá, eis-me aqui, para os meus primeiros dias de aula, mesmo que estivesse bem atrás dos outros alunos no que concerniam as disciplinas aplicadas no ano letivo, isso pouco importava, pois o que era fundamental para a minha pronta recuperação psíquica e emocional era voltar ao mundo exterior, o de verdade, repleto de pessoas e coisas diferentes, diversas, e não só ficar recluso naquele mundinho doentio que eu havia criado no quarto preparado para mim pelos meus tios afetuosos.



    Eu disse que estava para concluir o segundo colegial, agora percebendo as minhas reais dificuldades em acompanhar meus futuros colegas de classe por causa do meu comentado atraso em relação á eles, isso que falei me soou como uma piada de mau gosto.



    Mas se os médicos achavam que para sair de toda aquela depressão em que vivia, era necessário voltar ao convívio da sociedade, eu obedeceria a suas recomendações, afinal, estava difícil até para mim mesmo me suportar com o farol tão baixo com o qual eu andava, agora imagine para as únicas duas pessoas com quem convivia, no caso, meus dois pobres tios, nossa, não sei como eles conseguiram me suportar sem nunca tê-los ouvido se queixar do meu mau humor ou de minha postura triste e taciturna.



    Meu tio deixou-me na porta do Dante Alighieri, para depois seguir com seu opala azul claro para o seu trabalho em um escritório de contabilidade da cidade.



    Estaquei diante os portões altos feitos de aço da referida escola, respirei fundo, e me misturei á um fluxo de alunos que naquele momento adentrava os domínios daquela instituição de ensino.



    Levando minha mochila as costas que continha dentro dela todo o meu material escolar eu busquei ainda como que levado por aquela onda compacta e densa de jovens estudantes, adentrar o pátio da escola, então procurei me informar onde ficava a secretária do Dante, devidamente informado de sua localização, de imediato fui até lá, e depois de ter esperado sem muita paciência por alguns alunos que se espremiam diante do balcão de mogno da secretária do colégio a fim de serem atendidos por ela, quando chegou a minha vez, constatei que a saleta que compunha a secretária era insuficiente em seu espaço para atender a entrada e saída do enorme fluxo de alunos que iam e vinham.



    Após ser informado por uma mulher corpulenta, de pele morena clara, cabelos pretos e olhos castanhos escuros, no caso a própria secretária do Dante, de qual seria minha primeira aula, me dando em seguida toda a minha programação durante todo o ano letivo, virei-me em direção a porta do recinto para abandoná-lo, ainda com dificuldade pelo aperto do lugar, e pelo já comentado entra e sai dos alunos que iam até lá.



    Ao passar pela porta, seguindo em frente a um longo corredor que dava as salas de aula, aconteceu algo de uma importância tal que abalaria mais do que já estava abalada a minha recente conturbada vida, um esbarrão, mas não em uma pessoa qualquer, foi nela.



    Continua...



    ELTON DAS NEVES O ANJO DAS LETRAS.


    Última edição por Elton das Neves em Sex Abr 16, 2010 5:23 pm, editado 1 vez(es)
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    Mensagem por Leonardo Schabbach Sex Abr 16, 2010 5:15 pm

    Depois vou ler o conto, mas aviso que alterei o título e fundi os tópicos. Não há necessidade de ficar criando tópicos novos para cada parte do conto. É só colocar as partes num mesmo topico. Também modifiquei o título, porque ele estava todo em CAPS lock, isto incomoda, então coloquei-o no formato padrão.

    Fora isso, legal ter postado aqui, espero ver sua tópico lá no fórum de apresentações depois!

    Grande abraço.
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    Mensagem por Elton das Neves Sex Abr 16, 2010 5:28 pm

    Leonardo, obrigado pelas dicas de publicação que vc me deu, queria que me orientasse em como eu posso publicar no mesmo tópico sem ter que abrir outro porque não sei como poderia fazer isso,ok?E sim, aguardo sua leitura e opinião sobre o meu texto. Abraços literários. [Elton das Neves, Anjo das Letras] A Malévola: A Viagem (Contos de Salém). Icon_wink
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    Leonardo Schabbach
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    Mensagem por Leonardo Schabbach Sex Abr 16, 2010 5:33 pm

    É só abrir o tópico e clicar em Post Reply ou ir até o final do tópico, bem lá embaixo, verá a caixa onde pode dar uma Resposta Rápida.
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    Mensagem por Elton das Neves Sáb Abr 17, 2010 7:49 pm

    A MALÉVOLA- III PARTE- A LIÇÃO DOS TRÊS MACACOS. // CONTOS DE SALÉM.





    Ao esbarrar em seu ombro direito, ela se vira para mim, meu Deus, pareceu-me naquele momento de que eu tenha tido a visão de algo inumano, portanto, estava contemplando o que poderia ser divino.



    Nunca em toda minha ainda curta vida, tinha visto uma garota tão incrivelmente linda, seus olhos eram tão negros como o breu da noite, no entanto brilhavam com a cintilância das estrelas, seus longos cabelos de fios lisos e enegrecidos, quedavam em cascata até o meio de suas costas, eles emolduravam seu rosto redondo e dono de uma beleza estonteante, tive a impressão que Vênus naquele momento havia baixado a terra.



    Só não posso explicar a fragrância deliciosa de seu perfume, ele parecia vir de cada poro existente em seu delicado e bem desenhado corpo, eu nunca havia sentido tal cheiro embevecedor, seu poder atrativo era quase esmagador.



    Fiquei como estático olhando tal beleza inumana, até os meus olhos duvidavam do que estavam vendo, então a adorável garota que aparentava ter seus 19 anos, finalmente me fala:- Cuidado aonde anda gato, você pode esbarrar em algo que não queira, ou que se arrependa de ter esbarrado nele!- o modo como falou foi acompanhado de um sorriso cruelmente sarcástico, mas inacreditavelmente lindo, era como se uma deusa pagã belíssima tivesse naquele momento sorrido para mim.



    Ao acabar de falar-me ela se vira andando com graciosidade de uma bailarina e usando uma agilidade difícil de explicar, pois some rapidamente tomando a direção contrária ao que eu estava indo, dobrando a direita do corredor comprido, pelo jeito estava querendo ir até a secretária da escola também.



    Fico por alguns minutos ainda sem dizer palavra alguma, como se tivesse levado um choque elétrico que houvera me deixado abobado, nisso alguém se aproxima de mim, viro-me deparando-me com uma outra garota, estranhamente ela me dirige um olhar desaprovador antes de me dizer: - Você pelo jeito nunca ouviu falar porque Gandhi andava carregando sempre com ele a figura dos três macacos, o primeiro deles tinha as mãos tapando os olhos, ele não enxergava, o segundo tapava a boca, pois não falava e o terceiro e ultimo tapava os ouvidos, evidentemente porque não ouvia.





    Surpreso com a aparição súbita desta segunda garota, e com o que estava me dizendo sobre Gandhi levar consigo o símbolo destes três macacos, eu lhe perguntei: E qual era o significado do Mahatma levar consigo a figura do trio comedor de bananas?- ela segurando sua mochila dependurada ao ombro direito por uma de suas alças, preservando aquele olhar desaprovador, se bem que eu não conseguia entender o porquê dele até aquele momento, respondeu-me:- Muito simples, como um homem sábio que era, ele queria sempre ao olhar para o símbolo daqueles macacos se lembrar de uma grande lição, não olhe para o mal, não fale com ele e, sobretudo não lhe de ouvidos.



    Achando aquela situação toda inusitada, eu fixo o meu olhar para a menina loira que tinha me feito surgindo do nada tal indagação, para logo depois ela mesma me dar uma resposta interessante do que me houvera perguntado.



    - Tudo bem garota, e o que eu tenho haver com Gandhi e os seus três macacos?

    - Não só você tem meu caro, mas todos nós na verdade temos, o mal esta por aí, a solta em suas diversas manifestações, e muitas vezes ele pode ser bonito, sensual, extremamente atrativo, por um acaso já ouviu um velho ditado dizer que quem vê cara não vê coração?-ao responder minha pergunta com outra, agora a minha interlocutora já não tinha aquele ar de quem me desaprovava por algo que nem eu sabia o que era, mas o seu semblante jovem e bonito carregava agora uma expressão séria, quase inquisitiva.



    Desviando o olhar para o lado para depois voltar rapidamente na direção do seu rosto sério, respondo-lhe:- Sim, por um acaso já ouvi esse velho ditado, mas não estou entendendo o que este papo todo tem haver comigo, aliás, nem nos conhecemos, acho difícil que saiba algo que tenha haver com os meus interesses pessoais, e só para saber, você costuma sempre agir assim, aparecendo do nada e surpreendendo as pessoas com filosofias e citações de ditos populares?-cruzando seus braços a frente do seu peito, ela endurece mais a sua expressão facial, para depois me replicar:- Tudo bem, talvez a minha abordagem não tenha sido das mais sutis, surgindo assim do nada sem me apresentar. – então ela descruza os braços e estende sua mão direita para me cumprimentar, ao mesmo tempo em que me diz:- Sou Rafaela Gabrielles, estou na sua turma, e sei que aquilo que eu lhe disse, possa soar estranho e sem sentido aos seus ouvidos, mas com o passar do tempo sei que entenderá o que lhe quis transmitir. Neste meio tempo só fique afastado daquela garota com quem acabou de esbarrar e falar rapidamente, o que ela lhe falou foi um aviso, cruel, mas surpreendentemente coerente vindo da parte dela, tome cuidado de quem ou do que você possa se aproximar, porque se te achegares perto da pessoa errada, mais tarde poderá vir o arrependimento amargo, aonde pouco se poderá fazer para buscar ajuda.



    Ainda surpreso com as coisas que me falava, e quase a achando uma dessas fanáticas religiosas, o fato de ter se dirigido daquela forma a interessante garota que esbarrará em mim ali, bem no meio do corredor a instantes atrás, fez com que eu ignorasse tal pensamento ao seu respeito, pois vendo que a conhecia meu interesse se materializou em uma pergunta:- Você conhece aquela garota, quem é ela?-me pegando pelo braço e fazendo-me caminhar em direção a nossa sala de aula ela responde-me:- O nome dela é Camila Armand, e esse efeito que causou em você ela vive causando na maioria esmagadora dos alunos que são representantes do sexo masculino aqui do Dante Alighieri, mas como sua mais nova amiga, lhe volto a aconselhar que fique afastado dela, pelo menos por enquanto, até que possa entender algumas coisas, deu para compreender garoto?





    Assim que estacamos a porta da aula de literatura do Prof. Eduardo Campos, fiz com que soltasse meu antebraço com um movimento aonde eu o trouxe mais para junto de mim, soltando-o, ela munida de um silêncio e agora estando em uma posição em que ficara frente á frente comigo, parece esperar uma resposta a sua pergunta. Compreendendo isso, eu confronto seu olhar fixo com um outro, só que este agora vindo de minha parte, e respondo-lhe:- Tudo bem garota, só que desejo saber o porquê é que tenho de me afastar dessa tal de Camila, sabe não costumo desprezar gatas como ela, e sim me aproximar dessas beldades.

    - Hummm...pelo que vejo você está se recuperando bem rápido do seu estado depressivo por causa da perda familiar que sofreu, já está até pensando em flertar, não é?



    Surpreso com o que acabara de me dizer, eu é que agora a seguro firme por um dos seus braços, trazendo-a com força para junto de mim ao puxá-lo, então por entre meus dentes cerrados eu lhe faço a pergunta que não quer calar: - Como sabe tanto de mim menina, pelo que sei é a primeira vez na vida que nos vemos, de onde andou tirando tais informações a meu respeito?

    - Não seja patético garoto... - ao responder-me assim, agora é ela que se desvencilha do meu aperto em seu braço, com um movimento rápido e brusco fazendo-me solta-la, então com um olhar fulminante em seus olhos azuis escuros, continua:- Você está em uma cidade pequena, acorda, se alguém der um espirro na esquina ao lado, isso vira noticiário local, todo mundo da cidade sabe de sua estória de vida, do garoto que veio morar com seus tios vindo de Santos, porque perdera á alguns meses atrás seus pais em um duplo assassinato no alto da rodovia Imigrantes que chocou toda a região da baixada santista, saiu na tevê Tribuna, em todas as tvs, rádios e jornais locais, o que aconteceu contigo não é novidade para ninguém aqui em Salém!



    Ao ouvir essa sua afirmação, eu então noto o quanto me distanciei do mundo exterior por causa do meu estado depressivo a qual me entregara por causa da tragédia que se abatera sobre a minha cabeça, nem televisão, revistas ou jornais eu havia acompanhado naqueles últimos meses que se sucederam após a morte sinistra dos meus pais. Sim ela tinha razão, se sem ajuda da mídia da região era possível saber quase tudo o que acontecia naquela cidade pacata e pequena, imagina com a ajuda dela. Mesmo compreendendo como sabia tanto sobre mim, não deixei de ficar zangado por sua intromissão em minha vida pessoal, então eu digo-lhe em tom ameaçador:- Olhe meta-se com a sua vida menina, eu falo e me relaciono com quem bem entendo, e com certeza você não tem nada haver com isso, então me faça um favor, saia do meu caminho.



    Ao terminar de falar-lhe assim, eu me volto na direção da porta da sala de aula, transpassando-a. Enquanto caminho na direção de uma das mesinhas da classe, percebo a presença de Rafaela andando ás minhas costas, ela senta-se atrás de mim e posso ouvi-la dizer quando se inclina para frente para poder falar-me:- Não vou tirar os olhos de você garoto, com o tempo sei que entenderá tudo que tentei lhe passar, apenas lembre-se de uma coisa, pode haver muita beleza no mal, sendo que tal coisa é enganosa, atrás do que aparentemente é extremamente belo pode existir uma feiúra inacreditável que só o maléfico pode trazer consigo.



    Tentei ignorar a presença de Rafaela e suas palavras ditas com tanta paixão e segurança dirigidas á mim pelo resto da aula, eu a achava maluca por insistir em falar tanto no mal, como querendo avisar-me sobre sua presença em minha existência, eu não podia entender o que realmente ela tentava me dizer meio que por metáforas, e muito menos que espécie de coisa ruim estaria me ameaçando, afinal eu achava que aquilo que era maligno, tinha se manifestado em excesso em minha vida, de que forma pior ele poderia agir já daquilo que havia feito desde a perda horrível dos meus pais?



    Isso naquele momento eu não sabia, mas iria com o decorrer dos fatos seguintes, e como já me alertara a própria Rafaela, com o passar do tempo, descobrir que o mal sempre tem novas maneiras de agir em nossas existências, e que para ele, o excesso, aquilo que seria o bastante, não existe.



    Continua...
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    Mensagem por Elton das Neves Ter Abr 20, 2010 12:30 am

    A MALÉVOLA! - IV PARTE- UMA NOVA AMIZADE!//CONTOS DE SALÉM.





    O final da aula é sinalizado pelo som alto e agudo da sirene, o prof. Eduardo nos despede nos aconselhando fazer o dever de casa que nos havia dado para ser apresentada no dia seguinte, uma resenha do livro o retrato de Dorian Gray da autoria de Oscar Wilde.



    Rafaela passa por mim rapidamente com passos firmes e com cara de poucos amigos, essa expressão raivosa, só deixava seu rosto ainda mais bonito, e me surpreendi pensando em como tal expressividade de animosidade lhe acentuava a sensualidade natural que vinha dele.



    Peguei de dentro de um dos bolsos da minha jaqueta jeans o papel com o programa das aulas que a secretária do Dante havia me dado, a próxima aula seria matemática e em dose dupla, eu gemi, pois sempre odiei essa matéria.



    O corredor do colégio estava neste momento cheio de alunos e professores que iam e vinham preocupados em alcançar a próxima sala aonde se daria a seguinte disciplina a ser administrada ou estudada por eles.



    Poder voltar ao convívio dos meus iguais estava me fazendo bem, isso de certa forma atingia o objetivo dos médicos ao me aconselharem á voltar ao convívio social, principalmente a rotina diária, fazendo com que paulatinamente e de forma contínua eu pudesse retomar a minha vida normal, como a de tantos adolescentes iguais a mim. E havia uma vantagem nisso, com minha mente ocupada eu não tinha tempo para pensar na dolorosa perda trágica dos meus pais, coisa que mais fazia dentro da minha cabeça deprimida pelo isolamento em que vivia nos últimos meses.



    A aula dupla de matemática pareceu se arrastar por longas horas, quando você não gosta de determinada matéria escolar se tem a impressão que o tempo não passa em uma sala de aula quando tem de estudá-la.



    Rafaela resolveu sentar-se razoavelmente distante de mim, no entanto teve o cuidado de me manter dentro do seu foco de visão, pois de quando e quando lançava olhares interessados em minha direção, como que vigiando meu comportamento dentro da classe.



    Se fosse só isso tal coisa não me incomodaria, afinal já tinha chegado à conclusão que aquela menina loira de olhos azuis escuros, e ar desafiador se tratava de uma maluca obcecada por estórias de vida sombrias como a minha, e por causa disto havia cismado comigo, mas o incomodo se deu porque ela sentou-se um pouco distante de minha mesa, aparentemente para juntar-se a dois garotos que diferentemente dos demais de minha turma eu não os conhecia visualmente ainda, afinal eles não tinham participado da aula de literatura como o resto de nós.



    Esses dois garotos, aparentando terem dezoito anos, conversavam algo com Rafaela, às vezes se inclinando na direção de sua mesa para cochichar-lhe coisas ao seu ouvido, e muitas vezes isso era seguido da imitação da atitude dela de olhar na minha direção. Agora além da própria Rafaela, mas dois companheiros de sala de aula pareciam bastantes interessados em mim, isso definitivamente me irritou.



    Lembro-me de ter pensado com raiva que as pessoas daquela cidade não passavam de criaturas medíocres em sua alma, que não tinham mais o que fazer do que se alimentar de conversas e bochichos sobre a desgraça da vida alheia.



    Será que eu era tão interessante assim para chamar tanta atenção só porque fiz parte de um acontecimento no mínimo macabro?Eu achava que ao menos tivessem de cuidar das suas próprias vidas me deixando em paz, e deveriam assim respeitar a dor de minha perda.



    A sineta para á hora da pausa toca fazendo estes meus pensamentos de revolta se desvanecer.



    O barulho de cadeiras sendo arrastado ao levantar dos seus jovens ocupantes acompanhado do seu vozerio de tom eufórico ao constatarem o término da aula e a chegada do breve break para poder se tomar um lanche e com isso vir à oportunidade de relaxar um pouco jogando conversa fora, enche o ar do recinto.



    Rafaela antes de sair pela porta a fora da classe junto com seus dois vizinhos de mesa, olha para trás em minha direção, por baixo dos meus cílios noto uma expressão de preocupação desenhada em seu rosto, isso só ajuda cada vez mais a fortalecer a idéia que tenho sobre ela, que essa menina se trata de uma maluca, afinal qual outra explicação se teria para que cismasse assim comigo?O que sabia a meu respeito como ouvira de sua própria boca era do conhecimento de toda a cidade, no entanto excluindo ela e agora seus dois amiguinhos de bate-papo eu não via ninguém ali apresentar algum tipo de obsessão por mim como aquela em que eu percebia nela.



    Chegando a cafeteria do colégio, sentei-me a uma mesa vaga, o burburinho de vozes adolescentes assim como o ruído de seus pés e o arrastar de cadeiras agora ao sentarem-se era enorme ao meu redor.



    Eu estava á fim de descansar um pouco antes de pegar algo para que pudesse ser digerido pelo meu estômago. Então ao meu lado senta-se um garoto de estatura alta, dono de uma musculatura de um verdadeiro halterofilista, tinha os cabelos cacheados de um loiro vivo e muito claro. Ele me sorri amistosamente e estendendo a mão diz-me:- Olá, meu nome é Andrei, você pelo que fiquei sabendo é o Gabriel, não?-eu em resposta também lhe dou minha mão, e ao apertar a sua lhe replico:- Sim, sou o Gabriel, pelo visto até o meu nome todos sabem por aqui.



    Dando-me um sorriso sem graça Andrei meio que sem jeito tenta me explicar o que com outras palavras Rafaela já o tinha feito:- Bom amigo, você está em Salém, isso aqui é pequeno como um ovo, é melhor indo se acostumar com isso, guardar informações nesta cidade é praticamente impossível. Retribuindo seu sorriso com outro meu, só que mais expansivo e natural, eu respondo-lhe:- É já me falaram isso, e estou aprendendo acerca desta característica que me parece ser uma das principais desta cidadezinha nestas ultimas horas que tenho passado aqui no Dante, nada é segredo em Salém!

    - Não exagere também Gabriel, como todo lugar Salém tem os seus segredos, só que aqui é mais difícil conservá-los ocultos, deu para sacar?

    -Sim deu, mas o que estão dizendo sobre mim pelos corredores do colégio?

    - O que você acha que diriam?

    -Coisas como se indagando como consegui escapar de ser morto como aconteceu com meus pais, já que eu estava com eles no mesmo instante em que foram chacinados!

    -Bom... Não vou lhe enganar, houve, há e haverá todo tipo de comentários ao seu respeito e sobre tudo que lhe aconteceu, mas com o tempo isso cairá no esquecimento de todos, afinal meu chapa, não há bem que perdure ou mal que sempre dure!



    Achando graça no fato de ter usado o dito popular que acabara de enunciar em suas palavras, eu dou um sorriso de duração breve, pois logo fico sério de novo, como eu queria que a verdade de tal ditado popular se verificasse um dia em minha vida. Pois a morte em circunstâncias ainda misteriosas dos meus pais parecia ser um mal que me causaria dor para o resto de minha vida. Naquele momento, ao pensar nisso, abateu-se sobre mim uma saudade de tamanho inenarrável deles. Tive de me segurar ao máximo para conter as lágrimas que ameaçavam querer sair dos meus olhos, sendo assim, baixei minha cabeça e respirei fundo tentando controlar-me, afinal eu não queria me mostrar como a vitima traumatizada perante aquela turba de alunos que enchiam as dependências da cafeteria, estava longe do meu desejo que alguém ali sentisse pena de mim.



    Sentindo-se constrangido pelo rumo que a nossa conversa tinha tomado e o efeito que isso aparentemente havia provocado em mim, Andrei trata de mudar de assunto fazendo um tremendo esforço para não demonstrar algum vestígio de pena que estivesse presente em seu olhar, então me diz: - Olha não foi para tratar deste tipo de assunto que vim no intuito de falar contigo, na verdade queria lhe perguntar se quer fazer parte do time de futsal do Dante, vai haver uma competição inter-colegial na baixada santista na qual vamos participar, eu fui escolhido pelo professor de educação física o Hélio Dantas para ser o capitão do time, sendo assim, ele sempre me deu liberdade para convidar a fazer parte da equipe quem eu achasse que poderia ser um bom reforço para o nosso grupo.

    - E como você sabe que eu seria um bom reforço?

    - No ano passado o Dante também participou deste campeonato, e quando fomos a Santos realizar uma rodada de jogos válida por este mesmo torneio, te assisti quando atuou pelo seu ex-colégio, lembro-me de ter achado sua atuação muito boa, poucas vezes vi um atacante tão rápido, ágil e dono de uma habilidade e um chute potente e bem certeiro como você.



    Bom já que era plano dos médicos que cuidavam de mim, assim também como era o meu de voltar a rotina de minha antiga vida, ainda que as coisas não estivessem acontecendo de forma paulatina como estava planejado, pois voltar a jogar futsal no inter-colegial me parecia algo distante ainda para acontecer, resolvi aproveitar a oportunidade e lhe respondi assim ao convite feito: - Bom, eu não esperava voltar as quadras tão cedo em uma competição importante como esta, mas eu aceito, estou precisando de um pouco de adrenalina mesmo, e nada melhor que o futsal para me dar isso, pode contar comigo!

    - Ok garoto é assim que se fala, vejo que você é dos meus, adora jogar o meu jogo! Eu Te vejo na quadra amanhã às dez horas, por favor, não se atrase, o prof. Hélio detesta impontualidade nas aulas de educação física, ainda mais em treinos para a preparação do time para o inter-colegial.

    - Estarei lá sem falta ou algum atraso, afinal ser irresponsável para com um treino de futsal onde vamos representar o Dante entre os mais importantes colégios da baixada santista seria sacrilégio.



    Soltando uma gargalhada sonora ao ouvir-me falar assim, Andrei solta essa:- Cara, estou conversando só há alguns minutos contigo e já sinto que seremos grandes amigos, e não costumo me enganar com essas coisas, te juro!- ao terminar de dizer essa frase ele se despede de mim apertando desta feita fortemente a minha mão, e levantando da mesa se retira, eu o observo enquanto ele vai na direção de uma mesa cheia de rapazes e moças, ao sentar-se junto deles lhes diz algo que pela distância fica impossível com que eu ouça, no entanto, fica claro que foi sobre mim, pois todo o resto do grupo olha em minha direção com olhares curiosos.



    Resolvo finalmente levantar-me para buscar algo para comer no balcão da cafeteria, ando distraidamente envolto em meus pensamentos, quando dou de encontrão com alguém que andava de frente para mim, após o choque que me despertou da distração das coisas que tinha em minha mente, ergo meus olhos, e com eles, surpreso constato com quem havia me chocado.



    Continua...



    ELTON DAS NEVES O ANJO DAS LETRAS.

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