Em um conversa com a Isie, aqui do fórum, lembrei-me de uma postagem mais antiga no meu blog que acho que pode ser interessante para a galera daqui. Falo nela de uma técnica de construção narrativa. Enfim, espero que seja útil, lá vai:
Continuarei a trabalhar um pouco a questão da produção narrativa, iniciada na postagem "Como escrever bem?". Hoje tentarei explicar uma técnica de redação que me foi ensinada faz algum tempo. É claro que ela não precisa necessariamente ser utilizada, até porque cada um tem o seu próprio estilo de escrever, e isso pode ou não incluir a técnica que apresentarei aqui. No caso de uma redação dissertativa de fato (o que inclui vestibulandos que possam passar pelo blog), seguir essas orientações certamente resultará em um texto bem estruturado. O mesmo não vale para se produzir um bom texto literário, já que na literatura muitas outras questões estão envolvidas.
Muitas vezes quando escrevemos, notamos, ao fazer uma releitura, que há algo de errado. As idéias não estão muito claras, o texto parece não encaixar muito bem ou possui palavras que se repetem constantemente, o que não deve acontecer. Isso geralmente ocorre por não seguirmos um regra básica na hora de estruturar o texto, seja ele argumentativo ou narrativo (lembrando uma vez mais que a narração literária pode apresentar outras formas). Sempre que formos escrever uma frase, devemos utilizar a "idéia nova" apresentada na frase anterior.
Por exemplo: escrevo "Uma menina passeava pela praça". Neste caso, todas as informações são novas, acabo de iniciar a história. Digamos que queira contar mais sobre a menina. Então continuo: "Vestia uma roupa velha e corria ao encontro de seus amigos, uns garotos com quem costumava brincar". Agora temos apenas duas informações novas: a roupa velha e os amigos. Se continuar pela menina, como muitas vezes fazemos em uma redação dissertativa ou em uma narração, note que o texto já começa a ficar repetitivo, pois teria de utilizar o "ela" novamente ou "menina".
Vamos supor que queira falar agora dos amigos. Continuo: "Eles pareciam não lhe dar muita atenção, sempre a ignoravam quando jogavam futebol". Novamente temos duas novas informações. Poderia descrever algo que a menina fez para chamar a atenção dos garotos (dando continuidade a idéia de que eles pareciam não prestar atenção) ou aprofundar mais os sentimentos dela em relação a isso (já que eles sempre ignoravam ela quando jogavam futebol). Prossigo: "Ela tinha raiva daquele esporte". E então continuo, raiva por quê? "Por causa dele era forçada a brincar sozinha". Por que era forçada a brincar sozinha? "Não tinha amigas, desde muito pequena que preferia brincar com os garotos".
Enfim, veja como ficaria o parágrafo (incompleto):
Uma menina passeava pela praça. Vestia uma roupa velha e corria ao encontro de seus amigos, uns garotos com quem costumava brincar. Eles pareciam não lhe dar muita atenção, sempre a ignoravam quando jogavam futebol. Ela tinha raiva daquele esporte. Por causa dele era forçada a brincar sozinha. Não tinha amigas, desde muito pequena que preferia brincar com os garotos.
Espero ter sido claro. Caso tenham dúvidas, é só comentar que explico melhor. Em uma futura postagem, tentarei selecionar um conto de algum autor consagrado para mostrar essa relação entre frase seguinte e frase anterior. Sugiro que leiam os contos de Drummond que coloquei no Blog e também os contos de Gonçalo M. Tavares que disponibilizei em download para perceber essa relação, lembrando, novamente, que às vezes ela não é respeitada nas narrativas literárias. Inclusive, é interessante observar os textos de grandes autores para saber como isso pode ser feito; isto é, como é possível produzir textos narrativos sem necessariamente seguir a regra aqui apresentada.
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Continuarei a trabalhar um pouco a questão da produção narrativa, iniciada na postagem "Como escrever bem?". Hoje tentarei explicar uma técnica de redação que me foi ensinada faz algum tempo. É claro que ela não precisa necessariamente ser utilizada, até porque cada um tem o seu próprio estilo de escrever, e isso pode ou não incluir a técnica que apresentarei aqui. No caso de uma redação dissertativa de fato (o que inclui vestibulandos que possam passar pelo blog), seguir essas orientações certamente resultará em um texto bem estruturado. O mesmo não vale para se produzir um bom texto literário, já que na literatura muitas outras questões estão envolvidas.
Muitas vezes quando escrevemos, notamos, ao fazer uma releitura, que há algo de errado. As idéias não estão muito claras, o texto parece não encaixar muito bem ou possui palavras que se repetem constantemente, o que não deve acontecer. Isso geralmente ocorre por não seguirmos um regra básica na hora de estruturar o texto, seja ele argumentativo ou narrativo (lembrando uma vez mais que a narração literária pode apresentar outras formas). Sempre que formos escrever uma frase, devemos utilizar a "idéia nova" apresentada na frase anterior.
Por exemplo: escrevo "Uma menina passeava pela praça". Neste caso, todas as informações são novas, acabo de iniciar a história. Digamos que queira contar mais sobre a menina. Então continuo: "Vestia uma roupa velha e corria ao encontro de seus amigos, uns garotos com quem costumava brincar". Agora temos apenas duas informações novas: a roupa velha e os amigos. Se continuar pela menina, como muitas vezes fazemos em uma redação dissertativa ou em uma narração, note que o texto já começa a ficar repetitivo, pois teria de utilizar o "ela" novamente ou "menina".
Vamos supor que queira falar agora dos amigos. Continuo: "Eles pareciam não lhe dar muita atenção, sempre a ignoravam quando jogavam futebol". Novamente temos duas novas informações. Poderia descrever algo que a menina fez para chamar a atenção dos garotos (dando continuidade a idéia de que eles pareciam não prestar atenção) ou aprofundar mais os sentimentos dela em relação a isso (já que eles sempre ignoravam ela quando jogavam futebol). Prossigo: "Ela tinha raiva daquele esporte". E então continuo, raiva por quê? "Por causa dele era forçada a brincar sozinha". Por que era forçada a brincar sozinha? "Não tinha amigas, desde muito pequena que preferia brincar com os garotos".
Enfim, veja como ficaria o parágrafo (incompleto):
Uma menina passeava pela praça. Vestia uma roupa velha e corria ao encontro de seus amigos, uns garotos com quem costumava brincar. Eles pareciam não lhe dar muita atenção, sempre a ignoravam quando jogavam futebol. Ela tinha raiva daquele esporte. Por causa dele era forçada a brincar sozinha. Não tinha amigas, desde muito pequena que preferia brincar com os garotos.
Espero ter sido claro. Caso tenham dúvidas, é só comentar que explico melhor. Em uma futura postagem, tentarei selecionar um conto de algum autor consagrado para mostrar essa relação entre frase seguinte e frase anterior. Sugiro que leiam os contos de Drummond que coloquei no Blog e também os contos de Gonçalo M. Tavares que disponibilizei em download para perceber essa relação, lembrando, novamente, que às vezes ela não é respeitada nas narrativas literárias. Inclusive, é interessante observar os textos de grandes autores para saber como isso pode ser feito; isto é, como é possível produzir textos narrativos sem necessariamente seguir a regra aqui apresentada.