ola pessoal, fa anos que não venho aqui. meu livro anterior por contar acontecimentos desconhecidos dos leitores, estava confuso. o Leitor ficava perdido, para não deixar massante a leitura deixei o livro em stand by, e posto aqui o começo do novo livro. Os acontecimentos acontecem em torno de dez anos antes do livro saga do fim. A proposito o nome do livro mudou(RSRSRSRS).
Espero que gostem.
1-Graduação
Luzes surgiam no horizonte. A pouca claridade anunciava o inicio de um novo dia. Uma data tão esperada e temida por outros, marcada com um céu abstrato, idêntico a um quadro pintado em tons de roxo, laranja, cinza e amarelo. Um nascer de sol comum para um evento tão importante. Kurono levantou-se rapidamente da cama, colocando os pés sob o chão frio. Procurou em seu armário uma roupa para aquele dia especial. Comprimiu o corpo, o dormitório estava frio. Tremendo em frente ao pequeno armário, pouco maior que seu um metro e quarenta de altura. Deveria usar o uniforme de gala dos cadetes. Pegou o paletó que estava todo amassado, assim como toda e qualquer coisa que ele insistia em empurrar dentro daquele armário. A roupa, além de amassada estava encardida, mas isso não o preocupou, afinal, desleixo era uma de suas maiores virtudes.
Ficou frente ao espelho enquanto tentava arrumar o cabelo, o menino era jovem, doze anos, corpo magro e esquio diferente dos outros alunos daquela academia, seus cabelos pretos e desarrumados, eram como sua digital, única e inconfundível. O único cadete da academia a ter cabelos de um humano comum. Era um convite aos outros garotos para persegui-lo, humilha-lo e agredi-lo. Terminou de arrumar-se, respirou fundo e olhou novamente para seu reflexo. – Você consegue. – Disse em tom pouco animador, como que tentando afirmar uma coisa da qual não acreditava. – Hoje irei mostrar a todos o herói que serei um dia!
A cada passo em direção ao auditório central a ansiedade aumentava. Era a graduação de cadetes, e até aquele momento não despertara nenhuma habilidade especial, nada a não ser a facilidade para arrumar confusão e inimigos, não sabia o motivo, mas era como se a cada confusão que arrumasse, um tutor surgia e colocava fim, sempre levando Kurono para longe de conflitos, como se houvesse um tutor escondido em cada canto esperando para tira-lo de alguma confusão, e isso deixava os outros cadetes cada vez mais furiosos com ele. Conforme avançava pelos corredores da academia de Templaria mais cadetes seguiam para a mesma direção, a maioria andando em grupos de amigos, sempre animados, falantes e sorrindo, enquanto ele caminhava sozinho pelo fato de não ter alguém para chamar de amigo. Distraiu-se como sempre e colocaram o pé no seu caminho, tropeçou e caiu de cara no chão. Gargalhadas ecoaram pelo corredor, todas o ridicularizando. Palavras para desencoraja-lo, ou a simples verdade de que ele não possuía habilidade ou dom para ser um soldado. Ignorou, ficou de pé e continuou, tinha fé que depois de hoje, toda essa indiferença com ele iria mudar.
As vozes aumentavam cada vez mais e sua ansiedade também, e quando percebeu estava na porta do auditório central, viu inúmeros tutores, e todas as turmas de cadetes estavam ali, apressou-se para pegar um bom lugar, afinal a única coisa que lhe interessaria ali seria poder ver a Dio de perto. O auditório central era imenso, acomodava dezenas de centenas de cadetes, as fileiras eram divididas por turma, cada turma com aproximadamente trinta cadetes, em geral Templaria era uma cidade monumental, construída em vidro, aço e painéis luminosos. Procurou por um assento, ao seu lado estava uma linda garota de cabelos vermelhos abaixo do ombro, e penetrantes olhos azuis. Era Dio, uma das cadetes mais promissoras que ali estava. Seu coração acelerou, estava do lado dela, era difícil uma aproximação assim, respirou fundo e olhou para o centro onde havia uma espécie de palco de apresentação.
– Bom dia cadetes! – A voz era imponente e firme. Victor Astarhys, descendente do primeiro Feur-Zaule. Os Zaules são a autoridade máxima nas academias e sua influencia se estende por todo continente. Reconhecido como os soldados mais poderosos de suas academias, um titulo que poucos conseguem, e fardo que apenas alguns conseguem suportar. Ao contrario da postura que seu titulo exigia, Victor era atencioso e respeitava muito as pessoas, era raro ter que impor sua autoridade, todos o adoravam. O Zaule era um ídolo, bondade, carisma e um afiado senso de justiça, assim como a academia era um sinônimo de Templaria.
– Bom dia. – Todos responderam como um coral afinado e animado.
– Como sabem hoje terá inicio a primeira etapa de graduação de soldado, e hoje temos a presença de dois Soldados que muitos aqui admiram Siedge e Sisifus. – A plateia ficou alvoroçada, ainda mais quando eles ficaram próximo ao Zaule.
Siedge Ershlanz, seus cabelos longos e cinzentos, um jovem forte no auge de seus dezoitos anos, havia rumores que poderia ser mais poderoso que o próprio Feur-Zaule, aos doze anos conseguindo o titulo de soldado de primeira linha, um feito histórico, digno de um descendente de uma das famílias mais poderosas de Templaria. Sisifus, também era jovem e com a mesma idade, também era uma lenda entre os cadetes, seus cabelos azuis faziam o maior sucesso entre as meninas. Ambos tinham aproximadamente a mesma idade, e os mais importantes de sua geração.
Pensou estar sonhando, estava vendo seu ídolo de perto, desde pequeno tentava seguir os passos de Siedge, para Kurono ser um soldado de primeira linha seria a oportunidade de poder lutar ao lado de seu herói. Com tanta distração só voltou ao mundo real quando o primeiro cadete foi chamado. Dio levantou-se e com um sorriso arrogante caminhou até o centro do palco. Alem do Zaule e dos ícones dos cadetes, havia vários tutores entre eles o tutor Ukari, o tutor da turma de Dio e Kurono.
– Dio, Hoje você iniciará sua jornada até ser reconhecida como um soldado, e para isso Templaria concede a você a responsabilidade de empunhar e brandir sua arma. – A cerimonia é padrão, por mais orgulhoso que Ukari estivesse não poderia mudar o discurso e entregou cristal fino e lascado, pouco maior que a palma de sua mão e entregou a sua cadete.
– Eu aceito e prometo honrar este voto de confiança que Templaria concede para min. – Segurou a pequena lamina e esperou pelo resto da cerimonia.
– Liberte sua mente, deixe a dizer qual o seu proposito. – Observou, sua aluna, os testes anteriores aconteceram sem problemas nenhum, e se recordou de seu aluno mais problemático e sem talento, e sentiu um frio na barriga e escapou o olhar para Kurono.
A cadete concentrou-se e em instante o cristal em sua mão brilhou, apesar da luz emitida não ser muito forte, era uma visão única, o cristal expandido e afinando, transmutando e adaptando, e em poucos segundos Dio estava empunhado uma Katana, sua lamina cristalina era negra, adornada com o que parecia ser rubis. Todos aplaudiram e ela se retirou, seguindo para outra fileira, longe de seu fã numero um.
– Kurono... Kurono... – A voz estava distante e o sono estava gostoso, não fez questão nenhuma de querer acordar. –... Seu tranqueira acorda! – Sentiu o ombro arder, era impossível não acordar com um soco no ombro.
– Ahnn, quem é? – Levantou no susto procurando a pessoa e com o seu berro chamou a atenção de todos, principalmente de Siedge. – Pronto, ele deve estar pensando que sou um idiota. – Pensou. Estava a sentar quando ouviu seu nome novamente.
– Kurono. – Disse Ukari em tom serio, já estava acostumado com essas palhaçadas. – É a sua vez, poderia vir até aqui?
Ficou vermelho e sem graça, sentiu sua mão suar e desceu até o palco com as pernas tremendo, pois no seu ultimo teste não teve um bom resultado. Finalmente estava ali, frente a frente com seu tutor novamente, seus sentidos foram a nocaute, seu coração disparou, não conseguia ouvir uma só palavra. Quero uma espada de lamina leve, fina e alongada, pode ser uma Katana igual a da Dio, seria o máximo ter uma espada como a dela, estava pensando nisso quando percebeu que segurava a pequena lamina de cristal há alguns minutos e nada tinha acontecido acontecia, olhava para os lados e percebia o olhar de desaprovação de muitas pessoas ali, seus sentidos voltaram e a única coisa que ouvia era a gargalhada dos outros cadetes, não resistiu, era demais, havia prometido a si mesmo de que aquilo não se repetiria, tentou ser Forte, pedia por um brilho, uma faísca, qualquer coisa como um sinal de que liberaria a sua arma, não conseguiu conter as lagrimas que corriam discretamente pelo seu rosto. Tentou se concentrar e provar a todos que não era um perdedor, mas o cristal não esboçou nenhuma reação, olhou para Siedge, que não demonstrava nenhuma expressão, olhou para Ukari e entregou a peça.
– Desculpa, não é a minha culpa. – Deu as costas e seguiu rumo a porta de saída, no caminho era impossível não ouvir brincadeiras e ridicularizações, mas infelizmente já estava acostumado com isso.
Chegou ao seu andar. – Todos devem ter razão. Sou uma piada, meu dormitório é do lado do zelador, nem no andar dos cadetes eu fico. Agora serei conhecido como a piada de Templaria. – Abriu a porta com raiva, olhou para seu cubículo, sentiu-se inferiorizado, deitou e chorou até cair no sono.
Aquela manhã passou rápido, e sono foi curto. Após horário do almoço estava acordado, porém deitado e aos lamentos. Ouviu alguém abrir a porta, mas nem fez questão de olhar quem era. Sua vontade era sumir, desaparecer dentro daquele dormitório.
– Kurono, podemos conversar? – Ukari ficou próximo à cama, seu tom de voz era tranquilo e calmo, como sua personalidade. Era um dos tutores mais legais que os cadetes tinham, todos gostavam dele, mas nem por isso era respeitado por todos. Possuía curtos cabelos verdes esmeralda, estatura mediana e porte físico atlético, não era um soldado de primeira linha, mas estava confortável com a insígnia de soldado de segunda linha.
Percebeu que seu aluno não queria conversa e tentou mais uma vez.
– Sabia que na minha primeira graduação também não consegui liberar minha arma? – Sentou no chão apoiando as costas na cama. Era difícil comentar isso com alguém, mas achou que a situação era adequada.
Ficou curioso, não sabia que seu tutor também havia passado por aquilo, talvez entendesse seu sofrimento, ou talvez estivesse mentindo, coisa de adulto para resolver a situação, mesmo assim queria ouvir mais.
– Como você sabe, a espada é uma extensão do seu corpo, de sua mente e espirito, ambos compartilham a mesma força e propósito, e é por isso que você falhou hoje. – sabia que essas palavras iriam doer, não havia outras a ser dita, a verdade, por mais que doa é aquilo que precisamos ouvir.
– Como posso ter falhado? Eu me concentrei, pensei no meu proposito desde o momento em que acordei. – Não entendia realmente como poderia ter falhado, queria ser um herói, acreditava indubitavelmente que este era o seu propósito.
– A razão disso é a desarmonia entre o seu propósito. Propósito não é algo que você determina por si mesmo. Alguns propósitos são momentâneos, e outros são pela vida toda. Você consegue entender esta diferença ? – Seria difícil explicar uma linha de raciocínio tão complexa naquele momento, mas era preciso tentar.
– Não entendo isso muito bem. – Não entender o que Ukari tentava dizer era frustrante, sentia-se cada vez pior.
– Vou simplificar, quando você estuda para uma prova qual o seu proposito? – Perguntou na expectativa de fazer Kurono entender melhor.
Pensou um pouco antes de responder e decidiu chutar a resposta.
– Ir bem na prova? – Respondeu com um tom de incerteza, mas não achou outra resposta apropriada.
– Correto! assim que você atinge o seu objetivo o propósito ganha sentido, com isso ele dá lugar a outro proposito. Entendeu? – O cada sinal indicando que seu aluno estava melhorando o humor, o deixava aliviado.
– Mais ou menos, entendi isso, só não entendo por que meu proposito é não ser herói.
– Pode ser que, ser um herói não é o propósito de sua arma . Talvez ela deseje ser brandida por outro motivo. É realmente difícil entrar em um assunto tão complexo, mas tenho certeza de que em breve você encontrará o seu verdadeiro proposito.
– E como você conseguiu sua arma tutor? – Queria entender comparando propósitos, talvez isso o ajudasse.
– Meus pais morreram em um ataque a Templaria há doze anos, na época você nem era nascido, eu queria ficar forte e destruir qualquer inimigo para que isso não acontecesse com mais, não queria que ninguém passasse pela dor que passei. Acreditei que esse era meu proposito, mas estava errado. Minha arma não reconheceu meu propósito.
– E o que fez para ela te reconhecer? – Pensou no que seu tutor acabara de dizer. Não sabia que Ukari também era um órfão como ele e que passou por isso também, naquele momento passou a respeitar mais seu tutor, a vê-lo com outros olhos, como um amigo.
– Percebi que meu proposito não era destruir os inimigos, ou evitar a dor alheia, consegui enxergar que dentre esses pensamentos o que mais se destacava era que eu queria proteger Templaria, proteger meus amigos, esse era o proposito que minha arma compartilhava comigo, esse é o proposito da maioria das armas aqui. Proteger algo.
Kurono ficou pensando nisso, talvez fosse seu proposito também, pois proteger era o dever de um herói. Tinha certeza de que agora conseguiria liberar sua espada. Nunca havia pensado por este ponto de vista, o que um herói faz está além da gloria e da fama, está em sua conduta.
– Mesmo você não tendo liberado sua espada hoje, ainda terá de continuar com as etapas da graduação e no final terá uma segunda chance de liberar sua espada, tudo bem? – Ukari estava chateado com a situação, era provável que insistir na graduação pudesse machucar seu aluno ainda mais.
– Alguém já ficou sem liberar a espada? – Pensava em ouvir palavras amigas e reconfortantes, mas não foi o caso.
– Ainda não aconteceu, mas quando acontecer, essa pessoa não poderá ser um soldado de Templaria. – Pensou que com isso poderia fazê-lo mudar de ideia, em adiar a graduação para o ano seguinte, mas ambos ficaram sem ouvir o que queria.
– Então não será eu o primeiro! – O menino sorriu com uma autoconfiança incrível, seu tutor ficou pasmo, não imaginou esta reação tão repentina, e por um momento acreditou nessas palavras.
– Então vamos você precisa treinar um pouco mais. – Em pé Ukari estendeu a mão ao cadete.
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Espero que gostem.
1-Graduação
Luzes surgiam no horizonte. A pouca claridade anunciava o inicio de um novo dia. Uma data tão esperada e temida por outros, marcada com um céu abstrato, idêntico a um quadro pintado em tons de roxo, laranja, cinza e amarelo. Um nascer de sol comum para um evento tão importante. Kurono levantou-se rapidamente da cama, colocando os pés sob o chão frio. Procurou em seu armário uma roupa para aquele dia especial. Comprimiu o corpo, o dormitório estava frio. Tremendo em frente ao pequeno armário, pouco maior que seu um metro e quarenta de altura. Deveria usar o uniforme de gala dos cadetes. Pegou o paletó que estava todo amassado, assim como toda e qualquer coisa que ele insistia em empurrar dentro daquele armário. A roupa, além de amassada estava encardida, mas isso não o preocupou, afinal, desleixo era uma de suas maiores virtudes.
Ficou frente ao espelho enquanto tentava arrumar o cabelo, o menino era jovem, doze anos, corpo magro e esquio diferente dos outros alunos daquela academia, seus cabelos pretos e desarrumados, eram como sua digital, única e inconfundível. O único cadete da academia a ter cabelos de um humano comum. Era um convite aos outros garotos para persegui-lo, humilha-lo e agredi-lo. Terminou de arrumar-se, respirou fundo e olhou novamente para seu reflexo. – Você consegue. – Disse em tom pouco animador, como que tentando afirmar uma coisa da qual não acreditava. – Hoje irei mostrar a todos o herói que serei um dia!
A cada passo em direção ao auditório central a ansiedade aumentava. Era a graduação de cadetes, e até aquele momento não despertara nenhuma habilidade especial, nada a não ser a facilidade para arrumar confusão e inimigos, não sabia o motivo, mas era como se a cada confusão que arrumasse, um tutor surgia e colocava fim, sempre levando Kurono para longe de conflitos, como se houvesse um tutor escondido em cada canto esperando para tira-lo de alguma confusão, e isso deixava os outros cadetes cada vez mais furiosos com ele. Conforme avançava pelos corredores da academia de Templaria mais cadetes seguiam para a mesma direção, a maioria andando em grupos de amigos, sempre animados, falantes e sorrindo, enquanto ele caminhava sozinho pelo fato de não ter alguém para chamar de amigo. Distraiu-se como sempre e colocaram o pé no seu caminho, tropeçou e caiu de cara no chão. Gargalhadas ecoaram pelo corredor, todas o ridicularizando. Palavras para desencoraja-lo, ou a simples verdade de que ele não possuía habilidade ou dom para ser um soldado. Ignorou, ficou de pé e continuou, tinha fé que depois de hoje, toda essa indiferença com ele iria mudar.
As vozes aumentavam cada vez mais e sua ansiedade também, e quando percebeu estava na porta do auditório central, viu inúmeros tutores, e todas as turmas de cadetes estavam ali, apressou-se para pegar um bom lugar, afinal a única coisa que lhe interessaria ali seria poder ver a Dio de perto. O auditório central era imenso, acomodava dezenas de centenas de cadetes, as fileiras eram divididas por turma, cada turma com aproximadamente trinta cadetes, em geral Templaria era uma cidade monumental, construída em vidro, aço e painéis luminosos. Procurou por um assento, ao seu lado estava uma linda garota de cabelos vermelhos abaixo do ombro, e penetrantes olhos azuis. Era Dio, uma das cadetes mais promissoras que ali estava. Seu coração acelerou, estava do lado dela, era difícil uma aproximação assim, respirou fundo e olhou para o centro onde havia uma espécie de palco de apresentação.
– Bom dia cadetes! – A voz era imponente e firme. Victor Astarhys, descendente do primeiro Feur-Zaule. Os Zaules são a autoridade máxima nas academias e sua influencia se estende por todo continente. Reconhecido como os soldados mais poderosos de suas academias, um titulo que poucos conseguem, e fardo que apenas alguns conseguem suportar. Ao contrario da postura que seu titulo exigia, Victor era atencioso e respeitava muito as pessoas, era raro ter que impor sua autoridade, todos o adoravam. O Zaule era um ídolo, bondade, carisma e um afiado senso de justiça, assim como a academia era um sinônimo de Templaria.
– Bom dia. – Todos responderam como um coral afinado e animado.
– Como sabem hoje terá inicio a primeira etapa de graduação de soldado, e hoje temos a presença de dois Soldados que muitos aqui admiram Siedge e Sisifus. – A plateia ficou alvoroçada, ainda mais quando eles ficaram próximo ao Zaule.
Siedge Ershlanz, seus cabelos longos e cinzentos, um jovem forte no auge de seus dezoitos anos, havia rumores que poderia ser mais poderoso que o próprio Feur-Zaule, aos doze anos conseguindo o titulo de soldado de primeira linha, um feito histórico, digno de um descendente de uma das famílias mais poderosas de Templaria. Sisifus, também era jovem e com a mesma idade, também era uma lenda entre os cadetes, seus cabelos azuis faziam o maior sucesso entre as meninas. Ambos tinham aproximadamente a mesma idade, e os mais importantes de sua geração.
Pensou estar sonhando, estava vendo seu ídolo de perto, desde pequeno tentava seguir os passos de Siedge, para Kurono ser um soldado de primeira linha seria a oportunidade de poder lutar ao lado de seu herói. Com tanta distração só voltou ao mundo real quando o primeiro cadete foi chamado. Dio levantou-se e com um sorriso arrogante caminhou até o centro do palco. Alem do Zaule e dos ícones dos cadetes, havia vários tutores entre eles o tutor Ukari, o tutor da turma de Dio e Kurono.
– Dio, Hoje você iniciará sua jornada até ser reconhecida como um soldado, e para isso Templaria concede a você a responsabilidade de empunhar e brandir sua arma. – A cerimonia é padrão, por mais orgulhoso que Ukari estivesse não poderia mudar o discurso e entregou cristal fino e lascado, pouco maior que a palma de sua mão e entregou a sua cadete.
– Eu aceito e prometo honrar este voto de confiança que Templaria concede para min. – Segurou a pequena lamina e esperou pelo resto da cerimonia.
– Liberte sua mente, deixe a dizer qual o seu proposito. – Observou, sua aluna, os testes anteriores aconteceram sem problemas nenhum, e se recordou de seu aluno mais problemático e sem talento, e sentiu um frio na barriga e escapou o olhar para Kurono.
A cadete concentrou-se e em instante o cristal em sua mão brilhou, apesar da luz emitida não ser muito forte, era uma visão única, o cristal expandido e afinando, transmutando e adaptando, e em poucos segundos Dio estava empunhado uma Katana, sua lamina cristalina era negra, adornada com o que parecia ser rubis. Todos aplaudiram e ela se retirou, seguindo para outra fileira, longe de seu fã numero um.
– Kurono... Kurono... – A voz estava distante e o sono estava gostoso, não fez questão nenhuma de querer acordar. –... Seu tranqueira acorda! – Sentiu o ombro arder, era impossível não acordar com um soco no ombro.
– Ahnn, quem é? – Levantou no susto procurando a pessoa e com o seu berro chamou a atenção de todos, principalmente de Siedge. – Pronto, ele deve estar pensando que sou um idiota. – Pensou. Estava a sentar quando ouviu seu nome novamente.
– Kurono. – Disse Ukari em tom serio, já estava acostumado com essas palhaçadas. – É a sua vez, poderia vir até aqui?
Ficou vermelho e sem graça, sentiu sua mão suar e desceu até o palco com as pernas tremendo, pois no seu ultimo teste não teve um bom resultado. Finalmente estava ali, frente a frente com seu tutor novamente, seus sentidos foram a nocaute, seu coração disparou, não conseguia ouvir uma só palavra. Quero uma espada de lamina leve, fina e alongada, pode ser uma Katana igual a da Dio, seria o máximo ter uma espada como a dela, estava pensando nisso quando percebeu que segurava a pequena lamina de cristal há alguns minutos e nada tinha acontecido acontecia, olhava para os lados e percebia o olhar de desaprovação de muitas pessoas ali, seus sentidos voltaram e a única coisa que ouvia era a gargalhada dos outros cadetes, não resistiu, era demais, havia prometido a si mesmo de que aquilo não se repetiria, tentou ser Forte, pedia por um brilho, uma faísca, qualquer coisa como um sinal de que liberaria a sua arma, não conseguiu conter as lagrimas que corriam discretamente pelo seu rosto. Tentou se concentrar e provar a todos que não era um perdedor, mas o cristal não esboçou nenhuma reação, olhou para Siedge, que não demonstrava nenhuma expressão, olhou para Ukari e entregou a peça.
– Desculpa, não é a minha culpa. – Deu as costas e seguiu rumo a porta de saída, no caminho era impossível não ouvir brincadeiras e ridicularizações, mas infelizmente já estava acostumado com isso.
Chegou ao seu andar. – Todos devem ter razão. Sou uma piada, meu dormitório é do lado do zelador, nem no andar dos cadetes eu fico. Agora serei conhecido como a piada de Templaria. – Abriu a porta com raiva, olhou para seu cubículo, sentiu-se inferiorizado, deitou e chorou até cair no sono.
Aquela manhã passou rápido, e sono foi curto. Após horário do almoço estava acordado, porém deitado e aos lamentos. Ouviu alguém abrir a porta, mas nem fez questão de olhar quem era. Sua vontade era sumir, desaparecer dentro daquele dormitório.
– Kurono, podemos conversar? – Ukari ficou próximo à cama, seu tom de voz era tranquilo e calmo, como sua personalidade. Era um dos tutores mais legais que os cadetes tinham, todos gostavam dele, mas nem por isso era respeitado por todos. Possuía curtos cabelos verdes esmeralda, estatura mediana e porte físico atlético, não era um soldado de primeira linha, mas estava confortável com a insígnia de soldado de segunda linha.
Percebeu que seu aluno não queria conversa e tentou mais uma vez.
– Sabia que na minha primeira graduação também não consegui liberar minha arma? – Sentou no chão apoiando as costas na cama. Era difícil comentar isso com alguém, mas achou que a situação era adequada.
Ficou curioso, não sabia que seu tutor também havia passado por aquilo, talvez entendesse seu sofrimento, ou talvez estivesse mentindo, coisa de adulto para resolver a situação, mesmo assim queria ouvir mais.
– Como você sabe, a espada é uma extensão do seu corpo, de sua mente e espirito, ambos compartilham a mesma força e propósito, e é por isso que você falhou hoje. – sabia que essas palavras iriam doer, não havia outras a ser dita, a verdade, por mais que doa é aquilo que precisamos ouvir.
– Como posso ter falhado? Eu me concentrei, pensei no meu proposito desde o momento em que acordei. – Não entendia realmente como poderia ter falhado, queria ser um herói, acreditava indubitavelmente que este era o seu propósito.
– A razão disso é a desarmonia entre o seu propósito. Propósito não é algo que você determina por si mesmo. Alguns propósitos são momentâneos, e outros são pela vida toda. Você consegue entender esta diferença ? – Seria difícil explicar uma linha de raciocínio tão complexa naquele momento, mas era preciso tentar.
– Não entendo isso muito bem. – Não entender o que Ukari tentava dizer era frustrante, sentia-se cada vez pior.
– Vou simplificar, quando você estuda para uma prova qual o seu proposito? – Perguntou na expectativa de fazer Kurono entender melhor.
Pensou um pouco antes de responder e decidiu chutar a resposta.
– Ir bem na prova? – Respondeu com um tom de incerteza, mas não achou outra resposta apropriada.
– Correto! assim que você atinge o seu objetivo o propósito ganha sentido, com isso ele dá lugar a outro proposito. Entendeu? – O cada sinal indicando que seu aluno estava melhorando o humor, o deixava aliviado.
– Mais ou menos, entendi isso, só não entendo por que meu proposito é não ser herói.
– Pode ser que, ser um herói não é o propósito de sua arma . Talvez ela deseje ser brandida por outro motivo. É realmente difícil entrar em um assunto tão complexo, mas tenho certeza de que em breve você encontrará o seu verdadeiro proposito.
– E como você conseguiu sua arma tutor? – Queria entender comparando propósitos, talvez isso o ajudasse.
– Meus pais morreram em um ataque a Templaria há doze anos, na época você nem era nascido, eu queria ficar forte e destruir qualquer inimigo para que isso não acontecesse com mais, não queria que ninguém passasse pela dor que passei. Acreditei que esse era meu proposito, mas estava errado. Minha arma não reconheceu meu propósito.
– E o que fez para ela te reconhecer? – Pensou no que seu tutor acabara de dizer. Não sabia que Ukari também era um órfão como ele e que passou por isso também, naquele momento passou a respeitar mais seu tutor, a vê-lo com outros olhos, como um amigo.
– Percebi que meu proposito não era destruir os inimigos, ou evitar a dor alheia, consegui enxergar que dentre esses pensamentos o que mais se destacava era que eu queria proteger Templaria, proteger meus amigos, esse era o proposito que minha arma compartilhava comigo, esse é o proposito da maioria das armas aqui. Proteger algo.
Kurono ficou pensando nisso, talvez fosse seu proposito também, pois proteger era o dever de um herói. Tinha certeza de que agora conseguiria liberar sua espada. Nunca havia pensado por este ponto de vista, o que um herói faz está além da gloria e da fama, está em sua conduta.
– Mesmo você não tendo liberado sua espada hoje, ainda terá de continuar com as etapas da graduação e no final terá uma segunda chance de liberar sua espada, tudo bem? – Ukari estava chateado com a situação, era provável que insistir na graduação pudesse machucar seu aluno ainda mais.
– Alguém já ficou sem liberar a espada? – Pensava em ouvir palavras amigas e reconfortantes, mas não foi o caso.
– Ainda não aconteceu, mas quando acontecer, essa pessoa não poderá ser um soldado de Templaria. – Pensou que com isso poderia fazê-lo mudar de ideia, em adiar a graduação para o ano seguinte, mas ambos ficaram sem ouvir o que queria.
– Então não será eu o primeiro! – O menino sorriu com uma autoconfiança incrível, seu tutor ficou pasmo, não imaginou esta reação tão repentina, e por um momento acreditou nessas palavras.
– Então vamos você precisa treinar um pouco mais. – Em pé Ukari estendeu a mão ao cadete.
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