por Felipe Pan Sex Mar 05, 2010 12:02 pm
Que bom que está gostando do livro, Luizdreamhope! Fico muito contente com isso! Quando terminar, se tiver um tempinho, vou querer saber o que achou em detalhes, ok?
Bom, a questão da iniciação literária nas escolas é um assunto realmente complicado, principalmente quando os adolescentes atingem o ensino médio. Infelizmente nosso sistema educacional não leva em questão a maturidade dos jovens e a baixa popularidade que a leitura tem enquanto atividade de lazer, o que obriga a galera a ler obras extremamente complexas e simbólicas, cujo público-alvo nunca envolveu adolescentes de tal faixa etária. Essa é a maior razão pela qual tanta gente não gosta de ler (mesmo que isso tenha mudado um pouco nesta era pós-Harry Potter).
Como o Leonardo colocou, tive a felicidade de fazer um projeto relativo à Rede de Sonhos em parceria com duas escolas particulares da cidade onde moro e, para minha surpresa, o projeto foi um sucesso. Antes de as instituições despejarem o livro em cima dos alunos, pedi para conversar com os jovens e apresentar a temática do livro para eles de um modo bem informal, tentando relacionar as aventuras de Arthur com o cotidiano deles, além de introduzir a fantasia presente na obra. Assim que terminamos nosso bate-papo e eles tinham a obra em mãos, vi vários deles sentados no pátio da escola com o livro aberto, entrando no mundo da literatura com gosto. Aquilo me deixou realmente emocionado e percebi naquela hora que é isso que eu quero fazer - escrever livros que sejam interessantes ao ponto de motivar as pessoas a tornarem a leitura uma atividade divertida.
Pois bem, posteriormente, soube por uma das professoras responsáveis pelo projeto que os jovens realmente leram o livro na íntegra e, segundo ela, eles disseram estar muito empolgados com ele, como se houvessem descoberto uma nova forma de se divertir. Felizmente, posso dizer que o mesmo está ocorrendo na outra escola que aceitou meu projeto, o que me deixa mais satisfeito ainda. No entanto, nem tudo é um mar de rosas.
Como já foi muito bem colocado por vocês, o mercado editorial de nosso país é extremamente fechado, principalmente para autores nacionais, ainda mais àqueles que escrevem fantasia. Muita coisa boa não chega às lojas ou acaba sendo ignorada tanto pelo preconceito contra autores nacionais quanto pela falta de escrúpulos das editoras ao tratarem livros apenas como negócios, e não como parte essencial de nossa cultura. Uma grande transformação tem que ocorrer nesse meio para as coisas mudarem, e isso não será fácil. Uma de minhas metas é justamente obter um status que permita à minha voz ter força o suficiente para sacudir as coisas e agitar esse lado cultural das pessoas, mas falo sobre isso em outro momento. Enfim, esse é um tópico que dá muito pano para manga...